sexta-feira, 25 de abril de 2008

CARACTERÍSTICAS DE UM PROJETO DE AEROMODELO VII

A tração exerce um efeito sobre a estabilidade da aeronave em torno do seu eixo longitudinal. A hélice nada mais é do que uma asa rotativa que, em vez de produzir sustentação, produz tração ou empuxo. As pás de uma hélice criam sua própria resistência ao avanço e o arrasto resultante causa o efeito do torque, uma força que tende a girar todo o avião na direção oposta à da hélice. Se a hélice gira no sentido anti-horário, o torque faz a aeronave girar no sentido horário. Quanto maior for a potência do motor, maior será o efeito do torque. A maioria dos aeromodelos utilizam hélices que giram para a direita, o que faz com que eles apresentem tendência para guinar para a esquerda quando sob potência do motor. Como o diedro evita que uma semi-asa voe em nível mais baixo ou mais alto que a outra, deve-se então supor que quanto mais potente for o motor, maior deverá ser o ângulo do diedro. Os maiores ângulos de diedro são aqueles empregados pelos aeromodelos com motor a elástico para competições que utilizam hélices de grande diâmetro, que geram torques terríveis e requerem grandes efeitos compensatórios. Outro recurso é o desvio da linha de tração do motor que pode ser de 10 a 30 para o sentido oposto ao da tendência de guinada causado pelo torque, ou seja, se o torque da hélice tende a guinar o modelo para a esquerda, deve-se desviar a linha de tração para a direita e vice-versa.

Aeromodelos de asa-baixa precisam ter mais diedro do que os de asa-alta. Isto se deve ao que chamamos de efeito pendular que é resultado das localizações do CP e do CG. O ideal, para obtenção da estabilidade em torno dos eixos lateral e longitudinal, é que o CG (centro de concentração da massa do aeromodelo) fique abaixo do CP (centro da força de sustentação). Quanto mais para baixo o CG estiver em relação ao CP mais estável é a aeronave. Para explicar a ação do efeito pendular vamos supor que um aeromodelo com asa parassol (asa-alta localizada acima da fuselagem sobre um pilone ou estrutura) assuma uma posição com uma ponta-de-asa mais baixa que a outra. Imediatamente sua massa, atuando através do CG, tende a trazer o modelo de volta à posição nivelada, alinhando oCG na mesma vertical que o CP, exatamente como faz um pêndulo. É por essa razão que a maioria dos modelos de vôo-livre são dotados de asas-altas. Dá então para deduzir que um aparelho com o CG acima do CP não apresentará estabilidade inerente e é por isso que aeromodelos de asa-baixa têm de ter mais diedro do que os de asas alta ou média; é para trazer o CG o mais próximo possível do CP e, se possível, ultrapassá-lo. Mas esta regra também tem sua exceção: o piloto e seus comandos substituem o diedro nos aeromodelos radiocontrolados de acrobacia e os cabos de controle dos VCC’s dispensam o emprego de qualquer coisa para melhorar a estabilidade em torno do eixo longitudinal.

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